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Turismo sustentável: 13 atitudes que você pode tomar em qualquer viagem

Muito tem se falado sobre o turismo sustentável e os seus benefícios. Mesmo assim, eu não deixo de me incomodar ao perceber que a maioria dos hotéis ecológicos custam uma fortuna e não estão acessíveis aos viajantes comuns – aqueles que, como eu, contam as moedinhas para curtir mais um dia de viagem.

Como esse tema é realmente importante para mim, passei a pensar em algumas atitudes simples que podem deixar qualquer viagem mais sustentável. Sabe quando você chega num hotel e vê aquela plaquinha fofa sugerindo não pedir para trocar as toalhas todos os dias? Em geral, a regra diz que, deixando a toalha no chão ou na banheira, ela será trocada; deixando-a estendida, nada de troca. [Na prática, ela é quase sempre trocada.]

Não sei se dou azar, mas sempre reparo que trocaram minhas toalhas que estavam estendidas.

Da última vez em que isso aconteceu, eu peguei o “não perturbe” e deixei permanentemente na porta. Meu raciocínio: se ninguém entrasse no quarto, ninguém trocaria as toalhas. Simples, né?

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Spoiler: não foi tão simples. Entraram no meu quarto MESMO com a plaquinha de não perturbe e tive que pedir para voltarem outro dia porque eu estava DORMINDO.

Não me lembro onde isso aconteceu e nem vem ao caso agora. Pode ter sido um descuido da equipe, a plaquinha pode ter caído no chão e não viram, ou a pessoa podia ser simplesmente pressionada para trocar todas as toalhas de todos os quartos… Nunca vou saber. ¯\_(ツ)_/¯

Mas essa história foi para lembrar que poucas vezes colocamos o foco onde é mais fácil mudar: nossos comportamentos individuais. São pequenas mudanças que podem não transformar o mundo nos próximos anos, mas irão contribuir para que qualquer hospedagem se torne menos nociva ao meio ambiente. Então a pergunta que nós temos que fazer é:

Como tornar o turismo sustentável?

Com base nessa questão (que eu me faço há anos), fiz uma listinha de atitudes que costumo ter em mente quando viajo para tornar minha viagem mais sustentável. Algumas delas podem ser aplicadas a qualquer tipo de alojamento, do camping ao Airbnb, passando por hotéis com uma ou cinco estrelas. A maioria também pode funcionar em qualquer lugar do mundo.

Eu não sou especialista em sustentabilidade, mas espero que essas dicas possas servir de inspiração para que outras pessoas também adotem práticas mais conscientes durante suas viagens. Essa lista não é definitiva e também não precisa ser seguida à risca (eu mesma acabo não seguindo alguns dos itens em todas as viagens), mas pode ser uma boa maneira de começar a refletir sobre o assunto e ver com quais itens você se sente à vontade e quais prefere deixar de lado. Vamos lá?

Hospedagem sustentável “DIY”

Esqueça as grandes redes de hotéis

Eu sei que nem sempre funciona assim. Tem pessoas que preferem viajar para um lugar sem dúvidas sobre a qualidade da hospedagem. Eu mesma já optei por me hospedar em hotéis da rede Ibis mais de uma vez, porque eles geralmente são próximos aos aeroportos.

Mesmo assim, sempre que dá eu fujo das grandes redes. Para hospedagens de uma semana ou mais, minha preferência é sempre o Airbnb [ganhe um bônus para sua primeira estadia aqui]. Além de (geralmente) mais barato, dá para cozinhar, lavar roupas e, em alguns casos, ter mais contato com moradores locais – o que eu acho maravilhoso. Casa de amigos, Couchsurfing e serviços do tipo também são uma ótima maneira de causar menos impacto ao meio ambiente – e ainda ter uma experiência de viagem única, conhecendo moradores locais.

Se curtir mesmo um quarto de hotel e estiver de boua sobre abrir mão de alguns luxos, experimente se hospedar em pousadas locais. Tivemos experiências incríveis com este tipo de hospedagem no Parador San Fernando, em Oaxaca (México), e no Dino’s Hotel, em Eforie Sud (Romênia) – neste último, as proprietárias só falam romeno ou francês, o que pode dificultar um pouco a hospedagem, rsrsrs.

Apague luzes e aparelhos eletrônicos com consciência

Não é só porque você não vai pagar a conta de luz que ela não existe. Cerca de 15% dos gastos dos hotéis são voltados ao consumo de energia, segundo matéria publicada em 2014 na Revista Hotel News. Os números irão variar para cada estabelecimento e muitos hotéis já dispõem de sistemas que apagam as luzes assim que você sai do quarto, embora nem todos funcionem assim.

Nesse caso, o bom senso é a melhor medida. Quando sair do quarto, apague as luzes e o ar condicionado. Você provavelmente faria o mesmo se estivesse em casa, não é mesmo?

Não troque as toalhas todos os dias

Hoje em dia praticamente qualquer hotel conta com um programa de reuso de toalhas, embora nem todos estabelecimentos tenham treinado sua equipe para atender às solicitações dos hóspedes quanto à troca ou não da toalha. Os hotéis da rede Accor, por exemplo, investiram na iniciativa Plant For The Planet para conscientizar seus clientes sobre os danos causados pela lavagem desnecessária de toalhas. A cada cinco toalhas reutilizadas pelos hóspedes, a empresa planta uma árvore. Até o final de 2016, 5 milhões de árvores haviam sido plantadas em 26 países.

Segundo o site Eco Viagem, o hotel Rafain Palace, em Foz do Iguaçu, indica que 68% dos seus hóspedes aderem ao reuso das toalhas. Em alguns destinos, como Morro de São Paulo, o padrão já é trocar as toalhas a cada dois ou três dias, dependendo da hospedagem. A prática de reutilizar toalhas gera economia de água, energia e produtos de limpeza, além de aumentar o ciclo de vida das toalhas e dos equipamentos de lavagem.

Esqueça o kit de higiene do hotel

Vidros de xampu e de condicionador não faltam na casa de ninguém. Mesmo assim, muita gente prefere utilizar aqueles oferecidos pelos hotéis ou apenas “leva de lembrança” a embalagem para casa, onde ficará esquecida no armário. Que tal comprar um kit de embalagens de xampu e condicionador para viagem? Eles são vendidos em diversas farmácias e podem ser reutilizados quantas vezes você quiser. Se já tiver algumas embalagens (mesmo que cheias) de kits de higiene surrupiados de hotéis, também é possível reutilizá-las.

Como eu faço? Levo meu próprio xampu sólido na mala – ele dura MESES e pode ser carregado na bagagem de mão sem problemas! Esse da foto eu comprei na Lush, mas existem diversas marcas brasileiras e naturais que fazem xampus sólidos também e eu estou louca para testar algumas delas. 😉

 

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Outra coisa que pode ser reutilizada infinitamente é o saquinho onde você coloca embalagens de produtos líquidos para passar pelo raio-X do aeroporto. O último que tive durou uns dois anos até que eu precisasse trocar.

Separe o lixo

Essa é uma daquelas dicas que a gente nem precisava dar, mas resolvemos colocar aqui só para ninguém esquecer. A separação mais básica de lixo não dá nenhum trabalho e pode ser feita em qualquer lugar – você só precisa de duas sacolinhas para separar o reciclado do orgânico.

Perguntar sobre como é feita a separação dos resíduos no destino também pode ser interessante, já que algumas cidades possuem políticas bem claras quanto à separação de vidro, alumínio, papel, etc. Se ficar hospedado em um Airbnb, não se esqueça também de conferir com o anfitrião como é tratado o lixo na região e quais os dias de coleta dos resíduos.

Passeios responsáveis

Coma em bares e restaurantes locais

Já ouvi várias pessoas contando que se entopem de fast food quando viajam “porque é mais barato”. Será mesmo? Isso até pode ser verdade nos Estados Unidos e alguns países da Europa, mas não é uma regra que se aplique a todos os lugares.

Na maioria dos países que visitamos, o mais barato era mesmo comer em restaurantes locais, do tipo que as pessoas que trabalham no país comeriam em seu intervalo para o almoço. No México, por exemplo, conseguíamos almoçar em alguns restaurantes do gênero por cerca de R$ 10 a R$ 15 em praticamente todas as cidades que visitamos.

Mesmo na hora de esbanjar um pouco, o legal é investir em bares e restaurantes locais ao invés de visitar sempre o Hard Rock Café – que, por sinal, é praticamente igual em qualquer lugar do mundo. Fazendo isso, nós permitimos que o dinheiro do turismo gire também entre os pequenos comerciantes, que geralmente não se veem beneficiados pelo aumento de turistas em suas cidades. (E pode ter certeza de que a maioria deles vai oferecer um tratamento de primeira qualidade!)

 

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Use transporte público quando possível

Essa é uma prática que pode ser adotada também na sua cidade, mas fica ainda mais fácil quando viajamos. Isso porque a maioria de nós viaja sem carro, então não custa nada optar pelo transporte público ao invés de ficar pegando táxis/Uber/Cabify por aí. Nós até fizemos um super guia de como chegar aos principais pontos turísticos de Buenos Aires de metrô – e é um sucesso aqui no blog!

No final da viagem, isso pode garantir uma boa economia tanto para o seu bolso quanto em relação às emissões de carbono no planeta. Viu como essas duas coisas podem andar juntas?

 

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Não vá a atrações que explorem animais

Lembro quando eu trabalhava em uma agência de turismo em Buenos Aires e os clientes ligavam para conhecer o Zoológico de Lujan, onde as pessoas podem tirar fotos com tigres. Eu vendia à contragosto e, quando alguém perguntava sobre os boatos de que os animais ficariam dopados no local, tinha que dizer que não tínhamos nenhuma confirmação oficial sobre o assunto, mas que isso provavelmente era verdade.

Mas essa não é a única atração que desrespeita os animais. Passeios de elefante, shows com golfinhos, caminhadas com leões… São muitos os tipos de atrações que exploram os animais para divertimento turístico. O pior de tudo é que a maioria das pessoas que vai a esses locais não sabe o mal que está fazendo, segundo revela um estudo realizado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. A pesquisa mostra que 80% das pessoas que deixam comentários sobre esse tipo de atração no Tripadvisor não sabe dos maus tratos pelos quais passam os animais.

Algumas atrações, como os santuários de animais, costumam sim oferecer boas condições de vida para as espécies e são responsáveis por um impacto positivo na vida destas. Os bichanos que vivem nestes locais geralmente foram resgatados de condições de maus tratos – incluindo algumas das atrações citadas acima. Portanto, estes são uma boa opção para quem quer ver os animais de perto durante a viagem sem causar danos a eles. Mais dicas sobre o assunto podem ser encontradas no relatório Check-Out da Crueldade, da World Animal Protection.

Evite atrações do tipo “zoológico humano”

Antes de colocar a câmera na frente daquela pessoa quem vem de uma cultura ou comunidade que pareça exótica aos seus olhos, pense em como você se sentiria em estar do outro lado. Em muitos casos, pessoas que parecem estar ali apenas “preservando sua cultura” são na verdade alvo do lucro de empresários. E, ao invés dos valores pagos pelos turistas para ajudar a pessoa servirem realmente como um apoio, eles podem estar perpetuando uma situação de exploração que você nem sabia que existia. É o que acontece, por exemplo, com as mulheres-girafa da Tailândia, atração que até no nome sugere um zoológico humano. Sobre o assunto, recomendo muito essa publicação do 360 Meridianos.

Foto CC BY-ND 2.0 Mark Lehmkuhler

Prefira passagens e ingressos no celular

Não tem mais motivo para ficar imprimindo tudo que é ingresso ou passagem que você irá usar durante a viagem. Muitas empresas já aceitam que você apresente os tickets diretamente na tela do celular. Caso não seja possível, a impressão caseira costuma ser a melhor saída mesmo – isso porque a impressão de passagens em muitos aeroportos é feita em papel termossensível, que NÃO é reciclável.

Atitude ecológica

Viaje na baixa temporada

Além de ser mais barato, viajar na baixa temporada ajuda os estabelecimentos a se manterem em utilização durante todo o ano. Isso também evita que a infra-estrutura local seja sobrecarregada. Assim, há menos congestionamentos, consumo de combustíveis fósseis e emissões de gases do efeito estufa durante a alta temporada, como lembra o Eco Hospedagem

Leve tudo o que você irá precisar na mala

Quem nunca fez uma viagem levando muito espaço livre na mala para encher de compras no destino? Porque, se precisar de alguma roupa, você compra quando chegar… Melhor não: o blog Um Ano Sem Lixo (que eu AMO) lembra que o Brasil não temos reciclagem de tecidos. Dessa forma, nossas roupas usadas vão parar em aterros sanitários e demorar séculos para se decompor (menos em caso de tecidos naturais, como o algodão orgânico). A roupa bonita de hoje é o lixo de amanhã. E essa reportagem do Roupa Livre mostra que não adianta doar a roupa e seguir a vida.

Por isso mesmo, a melhor dica é sempre levar tudo que for necessário para o destino. Se rolar um frio imprevisto durante a viagem ou seu jeans/camiseta/vestido rasgar no meio das férias, uma dica para substitui-los sem gerar impacto ambiental é comprar de um brechó local. Na Europa e na América Latina, por exemplo, costuma ser fácil encontrar muitos brechós com roupas lindas e preços bacanas. 🙂

Evitar compras no destino vale também para outras coisas, como cosméticos, eletrônicos, etc. Tenha em mente que, por mais barato que seja, qualquer preço é caro demais para pagar por algo que você não precisa.

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Lembrancinhas = artesanato

Se não conseguir se controlar e quiser muito comprar alguma coisa para levar para casa ou presentear amigos, lembre-se de que a melhor lembrança é levar algo único, que você não encontraria em nenhum outro lugar do mundo. Ou seja, artesanato! Comprando de artesãos locais, você ainda contribui para que a renda seja recebida por quem mais precisa e faz com que o dinheiro do turismo chegue à população local, sem intermediários.


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