A embarcação balançava há pouco mais de meia hora quando a porta do banheiro masculino foi aberta pela primeira vez. Ela voltaria a se abrir muitas outras vezes durante a viagem de catamarã de Salvador a Morro de SP.
O mar tinha preferência por homens grandes, um dos quais agradeceu a escolha despejando café da manhã e suco gástrico nas águas, enquanto o banheiro estava ocupado por outro passageiro.
Na parte de trás, os que não vomitavam ocupavam o tempo nos celulares, tiravam fotos ou tentavam dormir. Uma senhora sentada atrás de mim se dedicou a recolher a lata de lixo, derrubada três vezes pelo balanço do mar. Houve também aqueles que fechavam os olhos e contavam infinitamente em silêncio na expectativa de que o tempo passasse mais rápido, enquanto eu aproveitava as duas horas e meia de viagem para esboçar esse texto.
Ao contrário da maioria ali, eu não havia aderido à técnica de tomar medicamentos para não enjoar antes do embarque. E, surpresa: realmente não enjoei. Na verdade, embora o mar estivesse mexido, eu parecia uma das únicas a realmente apreciar a viagem.
Somos cerca de 15 pessoas em um barco que comporta até 95 passageiros. O baixo quórum se deve provavelmente ao fato de ser domingo, baixa temporada e estar chovendo.
A chuva é também responsável pelo balanço incansável do catamarã. No caso de uma eventualidade, garanti ao Diego que há coletes salva-vidas para todos, embora nem eu tenha certeza disso.
Já está em Morro de São Paulo? Experimente fazer um tour de volta as ilhas e conhecer mais das belezas da região.
Você vai pra Morro?
A preocupação dele aumentou depois que a recepcionista do The Hotel, onde nos hospedamos em Salvador, comentou que o catamarã para Morro de São Paulo já virou.
“Mas faz tempo“, disse ela. “Pior mesmo é no ferry que entra água e molha tudo” – uma referência ao ferry boat usado por quem faz o trajeto semiterrestre para Morro passando por Itaparica.
A estrutura da embarcação da empresa Ilha Bela, com a qual viajamos, é nova. Ruim é o barulho que acompanha todo o trajeto e dificulta a conversa.
Foi também no hotel, durante o café da manhã, que recebemos do senhor da mesa ao lado a dica de ficar na parte de fora do catamarã. “Balança menos“, advertiu ele, que veleja nas horas vagas e já foi proprietário de uma pousada em Morro.
A informação de que houve problemas anteriores com o catamarã é confirmada por uns e negada por outros. O seu Osvaldo, o carregador que buscou as nossas malas para a viagem de retorno a Salvador confirma.
“Teve uma vez aí que eu não sei se foi uma pedra ou uma baleia que bateu no catamarã. Mas faz tempo. Faz muito tempo“, conta ele desconversando enquanto empurra o carrinho com as bagagens.
Carregadores de malas em Morro de SP
A profissão de carregador de malas é comum em Morro de São Paulo. Com carrinhos semelhantes aos usados em obras – muitos dos quais com a palavra “táxi” pintada na lateral – eles passam o dia carregando malas de passageiros e outros itens pela ilha, onde não circulam carros. “Tem dia que dá 12, as vez 13 viagem. Assim, em janeiro, né?“, conta o seu Osvaldo, um senhor que aparenta uns 50 anos.
Ao desembarcar em Morro de São Paulo eles estão sempre à espera. O carregamento de uma mala pequena sai por R$ 10, enquanto as maiores podem custar até R$ 20. Em geral, os preços são combinados com o carregador antes da saída do terminal. No retorno, é possível solicitar na recepção do próprio hotel que eles chamem a ajuda de um dos profissionais.
A viagem de volta a Salvador
As passagens da volta a Salvador, compramos na ilha no dia anterior, em uma das diversas agências de turismo espalhadas pela Vila. Todas elas vendem a passagem de catamarã pelo mesmo valor: R$ 95,50 – a ida até Morro de São Paulo custa R$ 96,90.
A diferença principal é que algumas (poucas) agências não aceitam pagamento em cartão, o que pode ser um problema considerando a dificuldade em sacar dinheiro em Morro.
Só há dois caixas eletrônicos: um do Banco do Brasil e outro do Bradesco e eles nem sempre têm dinheiro. Voltamos a Salvador no catamarã das 11h30 quando, nos disseram, o mar costuma estar calmo. A viagem desta vez foi com a empresa Biotur.
Chegamos no terminal de embarque com o seu Osvaldo à nossa frente e as nossas malas à frente dele. A viagem nos custou R$ 20 pelo carregamento de duas bagagens pequenas entre a Pousada Bahia Inn (confere o nosso review aqui), onde estávamos hospedados na Terceira Praia, e o terminal.
“Eu vou indo ali e vocês pagam a taxa de embarque aí, viu? Um e quinze cada um“, apontou ele. No guichê, trocamos uma nota de dois reais e algumas moedas por um pedaço de papel que seria entregue na entrada de uma espécie de área de embarque do terminal. Foi ali que esperamos até que chamassem pelo catamarã.
Atualização em março/2019: o valor da taxa de embarque hoje é de R$ 1,40 por pessoa, pagos apenas no retorno da ilha.
Guia de praias de Morro de São Paulo: veja as vantagens e desvantagens de cada localização.
Um barco mais velho, maior e também quase vazio nos esperava. Das duas entradas, uma era usada para deixar as malas e a outra para a entrada dos passageiros. Em duas horas e meia, estaríamos de volta a Salvador.
Catamarã de Salvador a Morro de SP: dicas
- É importante reservar as passagens de catamarã antecipadamente, principalmente na alta temporada, quando o transporte pode estar lotado.
- São três empresas que operam o catamarã de Salvador a Morro de SP: Biotur, Ilha Bela e Farol do Morro. Todas vendem passagens ao mesmo preço, mas operam em diferentes horários.
- As passagens de catamarã de Salvador a Morro de SP custam R$ 96,90 (ida) e R$ 95,50 (volta).
- Os veículos saem do Terminal Marítimo de Salvador (foto abaixo), localizado logo atrás do Mercado Modelo – veja uma dica de onde comer perto dali.
- Para quem chega do aeroporto e vai direto a Morro, a dica é economizar deixando reservado um transfer para esse trajeto por R$ 124,90 (ida e volta). Clica para reservar o seu.
- Em alguns dias, quando o tempo está instável, o trajeto de catamarã é substituído pela viagem semiterrestre entre Salvador e Morro de São Paulo – nesse caso, a travessia costuma durar cerca de 4 horas.
- Quem estiver em busca de economia ou tiver medo de enjoar no catamarã também pode fazer a travessia semiterrestre por conta própria. A Lara Nogueira explica como no blog O Mundo é Pequeno para Mim.
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Nota: os valores das passagens foram atualizados em março de 2020 e podem sofrer alterações a qualquer momento.
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