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Dia de Sant Jordi: o Dia dos Namorados (e do livro) na Catalunha

Bancas de livros e rosas do Dia de Sant Jordi em Barcelona

Foto CC BY-SA 4.0 Balibeginica (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Dia_de_Sant_Jordi.jpg)

Homens ganham livros, mulheres recebem rosas. 🌹 Assim é a tradição no dia de Sant Jordi, na Catalunha, região independentista localizada ao norte da Espanha. Trata-se de uma espécie de Dia dos Namorados local. Na prática, a coisa não é tão engessada (nem tão sexista) assim. Cada um dá e recebe o que preferir.

Um dos feriados mais populares em cidades catalãs como Girona ou Barcelona, Sant Jordi é uma homenagem a um santo bastante conhecido dos brasileiros… São Jorge, é claro!

No dia 23 de abril, quando se comemora a “Diada de Sant Jordi“, as cidades se enchem de bancas de livros e de rosas. Muitas livrarias na Catalunha também oferecem obras com descontos durante toda a semana e a data é sempre um sucesso de vendas.

Rosas no Dia de Sant Jordi

Lenda de São Jorge

São Jorge provavelmente nasceu em Capadócia, na Turquia. É quase um mistério a maneira como ele deu a volta ao mundo e se tornou padroeiro de lugares tão diversos quanto a Catalunha, a Inglaterra e a Palestina, mas foi o que aconteceu.

Pelas bandas catalãs, o que se conta é uma versão da lenda original (e cada povo tem a sua, é claro!).

Tudo começa com a chegada de um dragão feroz em Montblanc, um povoado a cerca de 1h 30 min de Barcelona. O dragão se contentou inicialmente com devorar todos os animais da cidade. Só que a bicharada acabava e o povo decidiu que iria oferecer um habitante a cada dia para saciar a fome do monstro. 🐲

A pessoa que serviria de refeição era escolhida por sorteio e até mesmo a família real entrou na roda. Até que um dia a sorteada foi a filha do rei – e aparentemente ninguém se importa com o nome da princesa.

Diante disso surge Sant Jordi (ou São Jorge) para resolver essa pendenga e matar o dragão. Nosso cavaleiro, como a gente já sabe, assassinou o cuspidor de fogo, assim como fez em tantas culturas ao redor do mundo.

Segundo a lenda catalã, uma roseira teria surgido do sangue derramado pelo dragão. Vendo as flores, Sant Jordi arrancou uma, deu para a princesa e seguiu seu rumo na vida. Essa seria a origem do costume de presentear as mulheres com uma rosa na data.

Curiosidade: a lenda inspirou o arquiteto Antoni Gaudí na criação da Casa Battló, cuja construção remete a Sant Jordi e ao dragão. Quem se interssa pelo assunto pode também percorrer a obra de outro arquiteto do modernismo catalão, a Casa de Les Punxes (foto abaixo), de Josep Puig i Cadafalch, conta a história de forma interativa.

Dia de Sant Jordi

No dia 23 de abril de 2019, o mundo ainda não vivia uma pandemia (lembra que louco?) e eu saí de Girona rumo à minha aula de catalão em Salt, cidade vizinha. Fazia bem pouco que eu tinha começado a estudar o idioma e, no meio da loucura de alugar apartamento e fazer a minha documentação para viver na Espanha, tinha deixado “para depois” as informações sobre a cultura local.

Só que era dia de Sant Jordi e não teria como escapar. Chegando na aula, a professora logo nos arrastou para uma feira de livros próxima dali. Independente da cidade, são tantas barraquinhas que é quase impossível não se encantar com a festa.

Em 2020, devido ao Coronavírus, as feiras de livros foram adiadas (veja como cancelar sua viagem). A Espanha inteira está em quarentena desde o início de março e, na esperança de que as coisas melhorem nos próximos meses, o Gremi de Llibreters de Catalunya propôs que a festa de Sant Jordi fosse realizada excepcionalmente no dia 23 de julho.

Durante a quarentena, a ideia é que as pessoas saiam em seus terraços e leiam um trecho de um livro em voz alta, às 12h e às 18h do dia de Sant Jordi. Além disso, a cervejaria Estrella Damm contará com programação online transmitida diretamente de seu site durante todo o dia.

Por que presenteiam livros no dia de Sant Jordi

Os livros começaram a se misturar com o dia de Sant Jordi apenas no último século, como explica o site da Prefeitura de Barcelona.

Em 1927, o escritor valenciano Vicent Clavel i Andrés propôs à Câmara do Livro de Barcelona a realização de uma festa para promover o livro na Catalunha. Essa primeira festividade foi marcada para outubro, mas o sucesso foi tanto que decidiram mudar a data e estabelecer o dia 23 de abril como Dia do Livro nos anos seguintes.

A relação com Sant Jordi foi apenas uma coincidência (ou uma jogada de marketing?). Na verdade, a data marca a morte de dois grandes autores da história da literatura: Miguel de Cervantes e William Shakespeare.

Em 1995, a data catalã correu o mundo e 23 de abril foi declarado o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor pela Unesco. Para celebrar, recomendo estas dicas de livros para viajar sem sair de casa.

Bancas de Sant Jordi em Girona, em 2019

Livros mais vendidos no Sant Jordi de 2019

Em 2019, o Gremi de Llibreters de Catalunya registrou lucros de 22 milhões de euros durante a celebração do dia de Sant Jordi. Todos os anos, eles divulgam quais os livros mais comprados em catalão e em espanhol.

Abaixo, listei os cinco primeiros livros de ficção mais vendidos do ano em cada idioma. Infelizmente, o único que tem tradução para o português até o momento é “A Intérprete“, da escritora alemã Annette Hess.

Para o restante dos livros que figuram no ranking, deixei entre parênteses uma tradução livre dos nomes das obras.

Mais vendidos em catalão

  1. El fill de l’italià” (“O filho do italiano”), de Rafel Nadal
  2. Digues un desig‘ (“Faça um pedido”), de Jordi Cabré
  3. El fibló‘ (“A Picada”), de Sílvia Soler
  4. Aprendre a parlar amb les plantes‘ (“Aprender a Falar com as Plantas”), de Marta Orriols
  5. El millor d’anar és tornar‘ (“O Melhor de Ir é Voltar”), de Albert Espinosa

Mais vendidos em espanhol

  1. Lo mejor de ir es volver‘ (“O Melhor de Ir é Voltar”), de Albert Espinosa
  2. Yo, Julia‘ (“Eu, Julia”), de Santiago Posteguillo
  3. Los asquerosos‘ (“Os Asquerosos”), de Santiago Lorenzo
  4. Todo lo que sucedió con Miranda Huff‘ (“Tudo o que aconteceu com Miranda Huff”), de Javier Castillo
  5. A Intérprete‘, de Annette Hess

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