Era minha segunda vez visitando a Bahia e, de novo, eu estava de pernas para cima no hotel pensando sobre o que fazer em Salvador. Não é que faltem atrações na cidade. Pelo contrário, sobram museus, praias e espaços culturais que gostaríamos de conhecer por lá. O que nos faltava mesmo era tempo. ⏳
Nossa viagem para Salvador havia sido marcada meio às pressas. Tínhamos as reservas em uma pousada em Morro de São Paulo onde ficaríamos uma semana e, como não somos adeptos de viajar correndo, optamos por incluir um dia na capital baiana na ida e outro na volta da viagem. Assim não teríamos que sair do aeroporto apressados para pegar o catamarã até a ilha e poderíamos também ficar tranquilos – e descansados – na volta para casa.
O “problema” é que, com a inclusão da cidade no roteiro, surgia aquela dúvida cruel sobre a qual falamos acima…
O que fazer em Salvador?
Como nosso tempo era escasso, optamos por um passeio curto pela cidade. Iríamos curtir um dia no Pelourinho, passar no Mercado Modelo para comprar e provar comidas típicas e terminar a noite no Rio Vermelho – porque ainda somos jovens! 😂 Ou seja, é bom se preparar, porque essa não vai ser uma lista de pontos turísticos de Salvador para guiar sua viagem, ok?
Primeira parada: Pelourinho
Na minha opinião, não tem lugar que exale mais brasilidade do que o Pelourinho, ou só “Pelô”. Já reparou que é tanta intimidade que até apelido o bairro tem? Mas, apesar de parecer um nome fofo, a palavra “pelourinho” designava, na verdade, uma coluna de pedra usada para expor e castigar escravos durante o Brasil Colônia, o que retrata o triste passado da região.
Foi ali no centro histórico de Salvador que surgiu o primeiro mercado de escravos da América. Hoje, a memória dessa época quase não se vê no bairro, que segue como símbolo da cultura baiana. A região é considerada Patrimônio Mundial Cultural pela UNESCO desde 1985 graças à incrível conservação dos edifícios renascentistas no entorno e de suas casas de cores vibrantes. A arquitetura histórica oferece também um panorama de como os portugueses construíam suas colônias além-mar.
Embora o bairro tenha sofrido com problemas de violência em um passado recente, a segurança foi incrementada nos últimos anos e todas as pessoas que consultamos foram unânimes ao afirmar que o Pelourinho é hoje bastante seguro. Além disso, vimos inúmeras viaturas de polícia durante nosso passeio, o que nos passou uma segurança extra – embora a gente sempre desconfie um pouco de polícia, né?
O que fazer no Pelourinho
Sugiro começar o passeio próximo à Igreja de São Francisco (imagem acima), que é linda por dentro e por fora. Com interior repleto de ouro, ela é considerada o principal representante do barroco na Bahia. Durante a missa, a entrada é gratuita, mas exige respeito redobrado. Em outros horários, é preciso pagar R$ 5 para ingressar no local, onde dizem que foram gastas mais de 1 tonelada de ouro na decoração.
Partindo dali, a dica é se perder nas ruelas do Pelourinho até chegar sem pressa ao Elevador Lacerda, de onde é possível ter uma ótima vista da cidade e descer até a frente do Mercado Modelo. Inaugurado em 1873 para ligar a cidade alta à cidade baixa, o Elevador Lacerda foi primeiro elevador público do mundo. A viagem nele dura apenas 30 segundos e sai por míseros R$ 0,15.
Se estiver por lá à noite, a dica é passar no O Cravinho para provar algumas cachaças locais – o bar é simplão, mas de respeito e foi dica de uma amiga querida que viveu um tempo em Salvador.
Mercado Modelo
Depois de descer o Elevador Lacerda, você irá ficar quase em frente ao Mercado Modelo. Fundado em 1912, o edifício se define como o “maior shopping de artesanato do Brasil” – e até que esse título é merecido. Dentro do espaço, encontram-se mais de 260 lojinhas que vendem de tudo: artesanato local, pano de prato, cachaças e muitas comidinhas típicas (CO-CA-DA) são expostas nos estandes. Os valores são geralmente mais caros do que em outras regiões – mas esse é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.
Como eu prefiro comer do que comprar, meu objetivo no Mercado Modelo era dar uma passeada rápida (leia-se: comprar pimenta, azeite de dendê e cocada) e subir para o segundo piso, onde ficam localizados dois restaurantes de comida típica baiana – o Camafeu de Oxossi e o Maria de São Pedro – e existe a possibilidade de sentar no terraço para comer quase de frente ao mar.
Vai seguir viagem? Descubra como funciona o catamarã entre Salvador e Morro de São Paulo.
Turismo em Salvador: Rio Vermelho
Depois de passar o dia fazendo turismo em Salvador, uma dica para curtir a vida noturna na cidade é ir para o Rio Vermelho assim que cair a noite. O bairro é reduto da maior concentração de baianas de acarajé do universo – e também palco da disputa sobre qual o melhor deles. As principais candidatas ao melhor acarajé são a família da Dinha (a baiana oficial faleceu em 2008) e a Cira. É no bairro também que se concentram as festividades de Iemanjá, no dia 2 de fevereiro – o Otto tem até uma música falando sobre isso. 🎵
A maior parte dos bares fica localizada nas proximidades do antigo Mercado do Peixe e do Largo da Mariquita e também no Largo de Santana. Optamos por ficar ao redor dos primeiros, onde a “Praça Caramuru” revitalizada foi inaugurada no ano passado no local onde antes se encontrava o tradicional Mercado do Peixe. O itálico do revitalizada é proposital, graças ao toque de gentrificação que o espaço ganhou.
Por sorte, ainda é só atravessar a rua para encontrar botequinhos maravilhosos, daqueles com mesa de plástico e preços camaradas, ao redor do Largo da Mariquita. Ou seja, apesar de tudo, o bairro continua dando espaço para todas as tribos. Para quem tem uma personalidade mais notívaga, o Rio Vermelho é também um ótimo bairro para se hospedar – e eu prometi para mim mesma que ficaria hospedada ali em minha próxima viagem.
Onde ficar em Salvador
Já temos um post inteirinho dedicado à nossa hospedagem no The Hotel. Por enquanto, a gente já adianta que adorou o lugar, localizado na Barra. É o típico hotel econômico com serviço econômico, mas cumpre tudo que promete com um atendimento impecável – até nossas reservas de catamarã para Morro de São Paulo eles fizeram, sem custo.
Café da manhã bacana para a categoria, com opções quentes e frias. Localizado pertinho do Shopping da Barra e próximo à orla, é uma boa opção para quem busca uma hospedagem central na cidade e não pretende gastar muito. Reserve aqui ou leia mais dicas sobre onde ficar em Salvador.
Bate-volta de Salvador
Salvador é um bom ponto de partida para conhecer mais da Bahia. Além de Morro de São Paulo, que desbravamos nesta viagem, você também pode aproveitar para fazer um bate-volta aos seguintes destinos:
- Praia do Forte – um vilarejo lindo, que também é a casa do Projeto Tamar. Há tours de um dia que vão de Salvador ao destino por US$ 36 (cerca de R$ 147), mas eu recomendo alugar um carro e fazer o percurso por conta própria.
- Itaparica – dá para chegar de ferry numa boa e sem gastar muito (fiz isso há mais de dez anos) ou embarcar em um passeio de barco para conhecer a ilha, que sai por US$ 36 (R$ 147).
Nota: uma versão anterior deste texto foi publicada originalmente em julho de 2017. O conteúdo foi atualizado e ampliado em maio de 2019. Os valores e o câmbio apresentados são referentes à data da última atualização e podem sofrer alterações a qualquer momento.
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Mit Viagem diz
Oi Mari, eu fiquei encantado com o seu post! A minha parte favorita foi a de Pelorinho! Fiquei muito feliz pela Unesco ter nombrado esse lugar como Patrimonio Mundial! EU me sinti muito brasileiro mesmo!
Aurélio diz
Mari … Estou indo à Salvador com minha esposa e pesquisando na Internet seu link foi o primeiro que visitei. Achei muito interessante e deixo aqui meus parabéns pela simplicidade e clareza com que escreve. Porém como Policiais militares que somos… eu e minha esposa, nao podemos deixar de destacar o preconceito com que se dirigir à nossa profissão. Você como uma “formadora de opiniões” deveria se preocupar em não generalizar ou criticar qualquer profissão.
Aurélio – Curitiba -PR
Mari Dutra diz
Oi, Aurélio! Peço desculpas se me dirigi de maneira desrespeitosa aos policiais militares e se, com isso, ofendi você ou sua esposa. Não foi minha intenção em nenhum momento. Apenas me assusta o dado (linkado no post) de que a polícia paulista é responsável por mais mortes do que os ditos criminosos. Apesar disso, eu sei que essa estatística não retrata a realidade da maioria dos profissionais, que arriscam suas próprias vidas para zelar pela segurança pública.
Viviane diz
Ficar de olho em que gente, eu to indo para la em lua de mel. Em que precisamos ficar atetos?
Mari Dutra diz
Oi Viviane. Nada demais. Tome os mesmos cuidados que tomaria em qualquer cidade grande brasileira, não acredite em vendedores que querem “só te dar um presentinho” e tudo ficará bem! 😉
Viajento diz
Salvador é uma cidade linda e de povo muito simpático. Tem aquelas armadilhas para turistas, que a gente tem que ficar esperto para se safar… fora isso, um passeio maravilhoso!
Mari Dutra diz
Sim, tem que ficar de olho, mas não é nada que atrapalhe a viagem! 😉