Depois de passar algum tempo fora de Porto Alegre, acabo virando um pouco turista sempre que volto de uma viagem. E uma turista qualificada, eu diria, depois de viver mais de 20 anos por aqui, né? Por isso, acho que vale compartilhar um pouco das dicas dessa cidade que eu não escolhi, mas que me escolheu para viver.
Semana passada eu postei esse roteiro pelo centro de Porto Alegre, que acho que pode ser um ótimo ponto de partida para quem pretende conhecer a capital gaúcha. Hoje, vou falar mais sobre um dos bairros mais característicos da cidade: o Bom Fim.
Senta que lá vem história…
Quem passa pelo Bom Fim hoje encontra uma mistura esquisita: vegetarianos, amantes de bike, estudantes, a comunidade judaica, gente que parece ter saído dos anos 80 e uma hipongagem linda de se ver. Tudo isso junto e misturado, do jeitinho democrático que o bairro sempre teve. ♥
O que pouca gente sabe é que, no século 19, a região fazia parte da colônia africana, que utilizava o que hoje é o Parque da Redenção como refúgio. Posteriormente, por volta de 1920, o bairro recebeu a comunidade judaica que chegava ao Brasil fugindo da guerra. Desde então, o Bom Fim começou a receber de braços abertos todo o tipo de gente, o que acontece até hoje, resultando nessa mistura louca que é a cara da região.
Parte da história do bairro é retratada em alguns dos livros do escritor porto-alegrense Moacyr Scliar, que viveu durante anos no bairro. Recomendo conferir os romances A Guerra no Bom Fim e O Exército de um Homem Só. O documentário Filme sobre um Bom Fim também mostra a cena roqueira de Porto Alegre nos anos 70 e 80, que se concentrava no bairro.
Roteiro pelo Bom Fim
Nenhum bairro tem mais cara de Porto Alegre do que o “bomfa“, que tem até sotaque próprio (mais sobre o assunto nesse vídeo). Por isso, fiz esse mini-roteirinho com coisas para fazer por lá em um dia típico na cidade.
Se possível, sugiro fazer o passeio no domingo, quando o Brique da Redenção toma conta da José Bonifácio com diversos itens de artesanato sendo vendidos; ou no sábado pela manhã, quando acontece a feira orgânica no mesmo lugar. Bom, vamos começar com uma das coisas mais típicas da cidade. ⤵️
Tomar um suco na Lancheria do Parque
Lanchera, para os íntimos. É lá que você vai tomar “O” suco. Você paga R$ 4 e leva um liquidificador cheio de suco feito na hora – e sim, ele é servido na jarra do liquidificador mesmo! O normal é dividir um suco entre duas ou três pessoas. Tem várias opções de frutas e é possível até mesmo fazer uma mistura entre as suas preferidas. Minha dica são os de maracujá ou abacaxi, que moram no meu coração. ♥
A Lanchera meio que abre o dia inteiro e você pode ir lá tanto para tomar café da manhã logo depois de amanhecer quanto para comer algo à noite. O lugar é tipo sujinho e também serve o famoso (e enorme) xis gaúcho, além de uns PFs marotos. Ao meio-dia tem um buffet que eu nunca arrisquei comer, mas que o Diego é fã.
Dá para dizer que é um dos lugares mais tradicionais da cidade, então vale a pena passar por lá mesmo que você não seja muito fã de um pé sujo.
Parque Farroupilha (Redenção)
Favor ler os próximos parágrafos ouvindo Amigo Punk, música que é praticamente um hino da cena roqueira porto-alegrense. Obviamente, ela não poderia deixar de citar esse parque que mora no coração da cidade – e no nosso. O Parque Farroupilha, Redenção ou simplesmente Redença é destino certo aos domingos e feriados na cidade.
O mais tradicional é aparecer por lá com um chimas e, de preferência, umas bergas para comer no sol com os amigos. Para quem não entendeu nada: é um mate e umas “mexericas”, que aqui no sul são bergamotas mesmo. No parque você encontra o Auditório Araújo Viana, um espaço de shows que já faz parte da cidade, e o Monumento ao Expedicionário (ou simplesmente “os arcos”), que é um ponto de encontro perfeito para quem combinou de ver os amigos no Parque.
Tem também o Parquinho da Redenção, com brinquedos que parecem ter saído do milênio passado (e saíram mesmo) para quem viaja com crianças e o Mercado do Bom Fim, uma série de pequenos estabelecimentos que incluem floristas, barzinhos, cafés, lojas de artesanato e até alguns poucos restaurantes, tudo em um espaço micro, um do lado do outro.
Brique da Redenção
O Brique acontece ao longo da rua José Bonifácio todos os domingos, das 9h às 18h, e não poderia ser ser mais a cara da cidade. Ele existe desde 1978 embora na época fosse conhecido como Mercado de Pulgas e tivesse foco em antiguidades.
Desde 1982, o que toma conta da rua é uma feirinha de artesanato, antiguidades, artes plásticas e até comidinhas que promete fazer a alegria de qualquer um. É perfeita para comprar uma lembrancinha de viagem mais artesanal – e você ainda faz o dinheiro girar entre os pequenos comerciantes ao invés de contribuir com os lucros de grandes empresas. 🙂
Se não conseguir ir no domingo, vale dar uma passadinha lá no sábado, quando o brique também acontece com um número reduzido de expositores. E, pela manhã, você ainda vai dar de cara com a Feira Ecológica do Bom Fim, onde pode comprar alimentos orgânicos produzidos localmente e com precinhos bacanas.
O mapa abaixo ajuda você a se situar entre as atrações que a gente descreveu acima – e ainda tem algumas dicas de lugares que a gente adora nas redondezas.
Para mais dicas, a gente recomenda este post lindão feito pela Insecta Shoes sobre o bairro e suas muitas opções de coisas para fazer.
Nota: os valores apresentados são referentes ao mês de setembro de 2016 e podem sofrer alterações a qualquer momento.
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