Mataró, na Espanha: o modernismo catalão nasceu aqui

Mataró é uma das primas menos conhecidas de Barcelona. Enquanto a capital catalã leva o título de cidade da arquitetura e reserva passeios por diversas obras de Antoni Gaudí e de Josep Puig i Cadafalch, é em Mataró que ambos arquitetos iniciaram suas carreiras.

Curiosos e apaixonados pelo modernismo catalão vão se sentir em casa nessa cidade da Costa Maresme. Tive a oportunidade de explorar a região durante o BcnTB6, o sexto aniversário do Barcelona Travel Bloggers, a rede de blogueiros mais antiga da Espanha, da qual o Quase Nômade faz parte.

Assim como pude acompanhar a visita a algumas destas icônicas construções, vou levar vocês junto para conhecer um pouco do que vi. Vem comigo?

Clica nos links para pular direto ao que interessa:

Como chegar em Mataró
Modernismo Catalão em Mataró
Onde ficar em Mataró

Como chegar em Mataró

Mataró fica no caminho entre Girona e Barcelona e as duas cidades oferecem trens até o destino. Essa costuma ser a maneira mais fácil de se locomover. Dá para fazer um bate-volta, mas também vale a pena passar ao menos uma noite na cidade, que também tem ótimas praias (clica para pular para as nossas dicas de hospedagem).

Como ir de Barcelona a Mataró

Cerca de 40 km separam Barcelona de Mataró. Essa rota pode ser feita de diversas maneiras:

De carro: a viagem leva 50 minutos, mas é cheia de pedágios. Mesmo assim, pode compensar para grupos maiores e ainda oferece mais comodidade. Pesquise preços de aluguel aqui.
De trem: a linha R1 dos Rodalíes da Catalunya liga as duas cidades em cerca de 50 minutos. Os trens são sem frescura e partem da estação Barcelona – Sants. As passagens podem ser compradas diretamente no local – consulte horários.
De ônibus: a empresa Moventis oferece diversos serviços entre as duas cidades, com passagens a € 4 (R$ 17).

Alternativas desde Girona

Girona fica a 75 km de Mataró. A melhor maneira de fazer o trajeto é em trem. A viagem leva cerca de 1h30 e as passagens saem por € 7 (R$ 30). Pesquise horários e compre antecipadamente no site da Renfe.

Outra opção é seguir até Mataró com um carro alugado. A viagem leva cerca de 1 hora, mas deverá ser mais custosa do que o trajeto ferroviário. Entretanto, o veículo permite uma maior mobilidade para explorar a região e conhecer outras localidades, como esta vinícola com mais de 2.000 anos de história em Teià.

Modernismo catalão em Mataró

No ano passado, eu escrevi para o Hypeness sobre a primeira casa construída por Gaudí. Quem encara a visita pode atestar que o passeio pela Casa Vicens, localizada em Barcelona, é realmente uma grande imersão pelos conceitos que o arquiteto viria a explorar depois – e os ingressos online estão com 25% de desconto.

Entretanto, a primeira obra dele fica mesmo em Mataró – e é bem mais discreta do que o seu trabalho futuro. O escritório de turismo da cidade oferece passeios guiados gratuitos para desbravar o seu lado modernista, mas essa rota também pode ser feita seguindo as dicas abaixo.

Nau Gaudí

A cooperativa La Obrera Mataronense havia sido fundada na vila de Gràcia (onde hoje fica o bairro homônimo de Barcelona), em 1864. Quando o projeto foi levado a Mataró, o jovem arquiteto Antoni Gaudí ficou encarregado da obra, que começaria em 1878, logo após ele finalizar seus estudos.

Esperava-se que o projeto fosse inspirado em um modelo de cidades operárias, com espaços para que os funcionários da cooperativa vivessem e desfrutassem de momentos de lazer. O conjunto de edifícios devia incluir 30 residências, novas unidades fabris, uma escola, uma biblioteca, uma sede social e, por que não?, um cassino.

A ideia era promissora, mas nunca foi finalizada. Do projeto inicial, foram erguidas apenas duas residências, banheiros e um enorme galpão industrial, que era usado para o branqueamento do algodão. As casas não foram conservadas, mas as duas últimas construções sim. Elas permitem ter uma ideia de como seria o trabalho do arquiteto nos anos seguintes.

Nau Gaudí, em Mataró Espanha — **Repara só nos arcos que sustentam esse telhado**. Foto CC BY-SA 2.0 Teresa Grau Ros

Hoje, a Nau Gaudí se transformou em um centro cultural, justamente no mesmo local em que antes se branqueava o algodão. É fácil passar ali sem perceber o toque do arquiteto, que se esconde na forma dos 13 arcos parabólicos que sustentam o teto da construção. Graças a essa pequena inovação, o espaço de 600 metros quadrados permanece sem divisórias ou colunas internas.

E quem diria que Gaudí iria desenvolver mais de suas habilidades criativas justo nos banheiros externos ao galpão? O sanitário pequeno conta com uma divisória interna separando os espaços dedicados a homens e mulheres, que possuem acesso independente. O telhado e as portas deste anexo são decorados com azulejos coloridos de cerâmica, um material que muito se repetiria na obra futura de Gaudí, como na Casa Vicens ou no Parc Güell.

Como visitar a Nau Gaudí

Desde 2010, o espaço projetado por Gaudí se transformou no Museu de Arte Contemporânea de Mataró. É uma boa oportunidade de conhecer mais da obra de artistas catalães da segunda metade do século 20, com destaque para aqueles que possuem ligação com a cidade e com a Costa Maresme.

A entrada à Nau Gaudí é gratuita e são realizadas visitas guiadas (também gratuitamente) sempre no primeiro domingo do mês, às 12h. Não é necessário reservar.

Horários de funcionamento:
Terça a sexta, das 17h às 20h
Sábados, das 11h às 14h e das 17h às 20h
Domingos e feriados, das 11h às 14h
Fechado nos dias 1º e 6 de janeiro, na Sexta-Feira Santa, 1º de maio, 24 de junho, 27 de julho, 15 de agosto, 11 de setembro e nos dias 25 e 26 de dezembro

Endereço: Calle de la Cooperativa, 47

Casa Coll i Regàs

Você provavelmente já conhece o arquiteto Josep Puig i Cadafalch por suas obras mais famosas localizadas em Barcelona, como a Casa de Les Punxes e a Casa Amatller. Mataronense, ele começou sua carreira como Arquiteto Municipal, mas foi apenas após deixar o cargo que se ocupou de uma de suas construções mais emblemáticas na cidade, a Casa Coll i Regàs, projetada em 1898.

A obra foi feita a pedido do empresário Joaquim Coll i Regàs, que havia comprado duas casas na rua Argentona em 1896. Seu plano era destruir completamente as duas construções para dar lugar a uma nova vivenda para sua família, projetada por Puig i Cadafalch. A ideia se concretizou, mas os Coll i Regàs não tiveram sorte no local: a matriarca morreu logo após a mudança e o empresário faleceria poucos anos depois.

Como visitar a Casa Coll i Regàs

Apesar de ainda não estar permanentemente aberta ao público, a Casa Coll i Regàs oferece diferentes experiências aos visitantes. Veja algumas das principais delas abaixo ou clique aqui para conferir todas as possibilidades.

Visita guiada histórica
- Em catalão: acontece aos domingos sempre às 12h; aos sábados o mesmo passeio ocorre às 17h entre novembro e março, e às 18h entre abril e outubro.
- Em espanhol: primeiro sábado de cada mês, às 17h entre novembro e março, e às 18h entre abril e outubro.
- Ambas custam € 7 (R$ 30) e menores de 14 anos não pagam.
Visita guiada arquitetônica (em catalão): ocorre às quintas-feiras, às 12h. Também custa € 7 (R$ 30), com entrada franca para menores de 14 anos.
Escape Room (em catalão): horários diversos de quinta a domingo, com um custo de € 100 (R$ 435) por grupo de até 8 pessoas.

Detalhe da decoração da casa Coll i Regàs em Mataró, Espanha — Repara no jogo de azulejos mais lindo de Mataró

+ obras de Puig i Cadafalch em Mataró

Para conhecer mais obras de Josep Puig i Cadafalch em Mataró, há dois lugares que merecem entrar no seu roteiro. O primeiro deles é o Mercado El Rengle, cujo telhado foi totalmente reformado pelo arquiteto modernista em 1893. De pequenas dimensões, ele fica no centro da Plaça Gran e abre de terça a sábados pela manhã.

Por último, a La Confianza, inaugurada em 1896, é uma verdadeira jóia do modernismo catalão. Não bastasse isso, a proposta do espaço é vender produtos de proximidade e a granel. Localizada na rua Sant Cristòfor, 10, a loja abre de segunda a sábado.

Onde ficar em Mataró

Como se trata de uma cidade razoavelmente pequena, não há muito segredo na hora de escolher a localização da hospedagem em Mataró. Há menos de 50 hotéis e pousadas no município e, portanto, quem viaja durante a alta temporada deve dar uma atenção especial às reservas antecipadas.

O New Hotel Colon tem um ambiente descolado e com boa localização, a apenas 3 minutos da praia, com diárias por menos de € 60 (R$ 260). Com ar mais sofisticado e clima praiano, o Atenea Port Barcelona Mataró dispõe de uma grande área com piscina, sendo ideal para famílias. Veja mais opções de hotéis clicando aqui.

Durante o BcnTB6, minha hospedagem foi uma cortesia do Hotel Les Palmeres, localizado em Calella, onde dividi o quarto com a Mirian, que escreve para o Um Blog de Palo. As duas cidades são separadas por uma viagem de apenas 20 minutos em trem, com a linha R1.

Os quartos do hotel são grandes e bastante cômodos, mas com zero de frescura – como eu! A construção fica localizada a apenas duas quadras da praia e também conta com piscina e um pequeno spa. Minha dica é descer sem pressa para o café da manhã, onde há frutas, itens de padaria, pratos quentes e espumante geladinho para começar as férias como elas merecem. O preço também é convidativo, com diárias a partir de € 65 (cerca de R$ 280).

Nota: Os valores e o câmbio apresentados são referentes ao mês de junho de 2019 e podem sofrer alterações a qualquer momento.

Mataró, o modernismo catalão nasceu aqui